sexta-feira, 1 de julho de 2011

OUROBOROS


Xilema transcendental
Que por milênios povoa
As artérias humanas
Circum-navega as caudalosas
Correntes da alma
E deságua
Na foz do rio que no santo sacramento
Recebeu o nome de Destino

No espelho de tantas águas
A criatura humana viu sua fronte
Refletida

No silêncio noturno gauleses navegavam
As gélidas águas do Ródano
Tingidas de vermelho pelos cães
De guerras imemoriais

Ninfas seminuas e homens devastados
Em desespero percorriam
As planícies de Hades
Afundando o corpo e a memória
Nas águas azuis do Lete

O pêndulo universal balouça
Na abóboda celestial
Dissolvendo e reedificando
As gerações

Em novas trincheiras
Recompõem-se fileiras
De soldados
Cruzados hasteando fuzis
Sob a égide de um novo Deus

No prelúdio de uma nova
Existência
O negro húmus fecunda a vida
Sob o pálio da inaudita morte
E esta, a cada gole no cálice
Do Infinito
Reescreve holocaustos
Envolta em devaneios de esperança
                       
(Glauber Ramos)

* * * 
 Goiânia, 30 de junho de 2011


Um comentário:

amy disse...

Triste realidade que nos deixa perdidos e a mercê do desconhecido.
Parabéns.
Bjs