quarta-feira, 11 de maio de 2011

Quintal das lembranças

Raphael Rabello

"O melhor violonista que eu já ouvi em anos. Ele ultrapassou as limitações técnicas do violão, e sua música vinha progressivamente de sua alma, diretamente para os corações de quem o admirava"
Paco de Lucía - violonista flamenco


"A música e o seu estilo único de tocar o violão fazem falta, apesar de termos admiráveis “sucessores” como o Yamandú Costa e o Alessandro Penezzi, dois monstros, mas o Raphael tinha um estilo diferente, ele conseguia transitar por mundos diferentes dentro da música e não ficava preso ao mundo do violão instrumental, ele fazia parcerias fantásticas com grandes vozes da música brasileira"

Andreas Kisser - guitarrista 


Seja na música, na literatura ou em qualquer outra das grandes artes, existem aqueles indivíduos que se destacam por serem realmente bons, ou seja, acima da média, ou ainda, excelentes, pertencentes a um seletíssimo grupo que conseguiu atingir o ápice dentro de determinada expressão artística. Há, ainda, o fenônemo da genialidade, que ocorre de tempos e tempos e alcança determinados indivíduos, dando a eles um talento de tão rara especialidade que parece se sobrepor à própria condição humana, tamanha a capacidade de que são dotados. A este último grupo de pessoas pertenceu o violonista Raphael Rabello (31/12/1962 Petrópolis, RJ - 27/04/1995 Rio de Janeiro, RJ).

Raphael nasceu em uma família de músicos, tendo iniciado seus estudos com um irmão mais velho. Sua irmã, Luciana Rabello, tornou-se uma cavaquinista nacionalmente conhecida, e hoje é casada com o letrista e compositor Paulo César Pinheiro. Além da influência familiar, Raphael Rabello foi aluno de grandes nomes das cordas, como Jaime Florence, o Meira (que também foi professor de outro gênio, Baden Powell) e Dino 7 Cordas, o seu maior influenciador, que despertou nele o gosto pelo violão de 7 cordas.

Raphael Rabello estava predestinado ao sucesso mundial quando um fato trágico se abateu sobre sua vida. Em 1989, após sofrer um acidente automobilístico, ele fraturou o braço direito, mas nada de tão grave que pudesse comprometer seu restabelecimento. Contudo, houve a necessidade de realizar-se uma transfusão de sangue e Raphael acabou contaminado pelo vírus HIV. Naquela época, um fato dessa natureza era quase uma sentença de morte. Basta lembrarmos que nesse período o Brasil acompanhava apreensivo o tratamento do cantor Cazuza, que veio a morrer em julho de 1990.

Em meio ao fantasma da doença, não demorou muito para que ele tivesse contato com as drogas, sobretudo a cocaína, as anfetaminas e o álcool. Lutando para livrar-se do vício, Raphael chegou a ir para os Estados Unidos em 1994, em busca do sucesso internacional. No ano seguinte, já no Brasil, Raphael Rabello foi internado em uma clínica de desintoxicação. Parecia bem. O vírus da Aids não chegou a desenvolver-se em seu organismo. Um dia após ter tido uma avaliação positiva dos médicos que o acompanhavam, Raphael Rabello faleceu precocemente, aos 33 anos de idade, vitimado pela apnéia do sono. Mas o seu legado permanecerá eternamente vivo entre nós.


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