segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Travessia das horas


O dia ao largo, com suas raias estendidas
Sobre a superfície da manhã
O sol do oriente se espraia pelo espelho
Das águas, quase cego vislumbro
Um agitar de folhas, zéfiro que sopra
Do oeste, convite para íntimas navegações

Vida em suspeição
Como antigos cristais balouçando
No limiar da navalha

Braços alados, abarco as dimensões
Aquáticas, o coração a fremir em
Arroubos espasmódicos
Maldição de quem não se afez
Às turbulências marinhas

E no fim de tudo
Atravessam-se manhãs, primaveras, decênios
A cidade extinta e seus jardins submersos
Presente para futuros arqueólogos

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